Na última semana os fãs do amigão da vizinhança foram pegos de surpresa com a notícia de que a Sony e a Marvel estavam para encerrar o acordo pelos direitos do Homem-Aranha, deixando um futuro bem incerto em relação aos filmes de Tom Holland.
Em meio a idas e vindas, protestos e petições, o OffStage resolveu separar uma lista de HQs memoráveis e clássicas do herói, cuja trajetória nos quadrinhos também já passou por diversos altos e baixos.
Enquanto a decisão final sobre o futuro de Peter Parker nas telonas não sai, que tal mergulhar na leitura que preparamos?
Confira abaixo cinco histórias marcantes do Homem-Aranha:
1) O Garoto Que Colecionava Homem-Aranha
Escrita por Roger Stern, em 1984, a história foi originalmente publicada na edição #248 de The Amazing Spider-Man. De leitura simples e bastante fluida, não tomando nem dez minutos do leitor, a HQ é constantemente evidenciada como uma das mais emocionantes do herói.
Ela acompanha um garotinho que é muito fã do Spider e que coleciona tudo que o envolva, como por exemplo recortes de matérias em jornais. Seu grande sonho é conhecer pessoalmente o seu maior herói, o que acaba acontecendo graças a extrema bondade de Peter.
O que o leitor não imagina, entretanto, é que existe um motivo maior que leva Peter a se abrir tanto com o garotinho, fazendo-o até mesmo revelar sua identidade secreta para ele.
Para essa leitura, separe os lencinhos.
2) Homem-Aranha Azul
Considerada uma das melhores histórias do herói, Homem-Aranha Azul é uma trilogia – também conhecida como trilogia das cores -, de Jeph Loeb e Tim Sale.
Comovente, brilhante e emocionalmente pesada, a HQ reconta desde o início a história de amor entre Peter Parker e Gwen Stacy, quase trinta anos após a edição da morte da personagem ter ido para as bancas, em 1973 (A Noite em que Gwen Stacy Morreu).
Com um tom de nostalgia que chega a quase doer fisicamente, somos apresentados a um Peter Parker em luto, cuja narrativa em primeira pessoa se baseia em memórias da amada que já não mais vive. Utilizando um gravador, ele faz uma espécie de carta para Gwen a partir de sua perspectiva sobre tudo que aconteceu desde a época em que eles se conheceram até o momento.
Vale ressaltar que essa gravação é feita num futuro em que Peter já está casado com Mary Jane. Aqui, a característica marcante da comicidade de Peter dá lugar a uma melancolia quase sem precedentes no personagem.
Ainda que as edições introduzam alguns dos inimigos mais conhecidos e alguns dos personagens mais amados do aranha, é valido dizer que o amor e a dor por Gwen Stacy, tirados diretamente de dentro dos sentimentos de Peter, é o que torna a HQ tão poeticamente rica.
Além de uma linda e triste história de amor, Homem-Aranha Azul traz uma criação de identidade para o homem que Peter viria a se tornar depois de perder a mulher que amava, criando uma ponte impecável para os futuros ganchos.
Cheia de artes clássicas e toda trabalhada em tonalidades específicas para cada estado de espírito da narrativa, essa história é imprescindível para todo fã do herói.
3) Homem-Aranha: Nunca Mais
Outro grande clássico, esse foi escrito por ninguém menos que Stan Lee e ilustrado pelo grande Jonh Romita. Para quem acompanha a vida de Peter Parker, não é nem preciso lembrar o quão azarado ele é. Essa falta de sorte na vida, somada a batalhas incessantes com diversos inimigos, além de problemas pessoais, acabam gerando um pico de desordem nas emoções do personagem.
O peso emocional e a crise existencial são tão grandes que levam Peter a tomar a extrema decisão de que ele não suporta mais ser o Homem-Aranha. A construção da narrativa é feita de uma forma completamente relacionável a problemas cotidianos de qualquer pessoa comum, uma das características únicas que fazem Stan Lee ser a grande lenda que é.
Essa edição traz uma das ilustrações mais conhecidas do herói, que inclusive foi reproduzida no longa Homem-Aranha 2, com Tobey Maguire.
“Eu era apenas um jovem descuidado e adolescente quando me tornei o Homem-Aranha… Mas os anos tem uma forma passar… De mudar o mundo a nossa volta… E todo menino… mais cedo ou mais tarde… precisa se desfazer de seus brinquedos… e se tornar.. um homem!”
4) A Morte de Gwen Stacy
É impossível não citar a edição de 1973 que pegou os leitores completamente de surpresa e que de certa maneira marcou o fim da era da inocência nos quadrinhos, trazendo o maior fracasso da vida do herói: não conseguir salvar a mulher que amava.
Gwen havia sido sequestrada pelo Duende Verde, mas durante a tentativa de resgate as coisas saem de controle e o Homem-Aranha – aqui mais do que nunca evidenciado como apenas um ser humano com suas diversas limitações -, não consegue salvá-la.
Chocante, forte e propositalmente ambígua, a cena da morte de Gwen ficou marcada no imaginário dos leitores por gerações. Reproduzida com uma vivacidade impecável no filme The Amazing Spider-Man 2, o tão injustiçado filme de Andrew Garfield, os gráficos permitem que o telespectador vivencie a morte de Gwen através dos próprios olhos de Peter.
A história, cujo roteiro foi escrito por Gerry Conway, foi publicada em duas partes nas edições #121 e #122 de The Amazing Spider-Man (originalmente chamada nos Estados Unidos de A Noite em que Gwen Stacy Morreu) e marcou o começo de uma era mais violenta, realista e até mesmo um pouco sombria nos quadrinhos que até então tinham um simbolismo mais sereno e inocente.
Essa edição mostra um Peter mais violento, marcado pelo ódio e pela dor. Na caçada em busca de vingar a morte de sua namorada, ele chega até mesmo a cogitar matar o Duende Verde.
Vale ressaltar que nessa época os heróis ainda eram retratados como perfeitos, sempre escapando de qualquer perigo e sempre salvando quem precisasse de ajuda. Além disso, não era comum morte nos quadrinhos. Diferente de hoje, os personagens que morriam continuavam mortos de fato, o que gerou conflito e revolta nos leitores na época, afinal, ousaram matar uma das personagens mais amadas e emblemáticas do período.
“… Você matou a mulher que eu amo… E por isso, você vai morrer!”
5) Superman vs. Homem-Aranha
O primeiro crossover entre Marvel e DC nos quadrinhos aconteceu nessa edição de 1976 e é até hoje conhecido como um dois maiores encontros dos quadrinhos.
Já no começo dos anos 1970, Stan Lee havia recebido a sugestão de que unissem os maiores personagens de cada editora para um filme juntos, entretanto, a ideia de um longa não era viável para a época. Surgiu então a ideia de juntá-los em uma história em quadrinhos.
Carmine Infantino, editor chefe da DC, e Stan Lee começaram os preparativos para o que viria a ser uma explosão para os fãs. Escrita por Gerry Conway, a história gira em torno dos dois super-heróis enfrentando, juntos, os seus respectivos maiores inimigos da época: Lex Luthor e o Dr. Octopus.
A arte é de Ross Andru e John Romita, além de alguns traços do Superman terem sido redesenhados por Neal Adams. Vale ressaltar que Homem-Aranha era o carro chefe da Marvel na época, assim como Superman era o da DC. Ambos vendiam números assombrosos semanalmente, o que tornou o encontro ainda mais épico em diversos aspectos.