Current Date:dezembro 8, 2024

Com Fresno, CPM 22, Detonautas e Di Ferrero, Rock Session mostra que o movimento emo segue vivo e forte

Festival aconteceu neste último sábado (8) na Grande Florianópolis.

O Rock Session chegou a Grande Florianópolis neste último sábado (8). Anteriormente, o festival passou por São Paulo e Curitiba levando nomes do pop rock e hardcore nacional que se consagraram no cenário musical nos anos 2000.

Com Fresno, CPM 22, Detonautas e Di Ferrero no line-up, o evento reuniu milhares de pessoas no Hard Rock Live Florianópolis, em São José, para cerca de nove horas de muito agito.  O ex-NX Zero começou os trabalhos da noite. “Hoje eu posso dizer que estou tocando em casa”, anunciou o cantor que é morador da capital catarinense.

Entre as canções que integraram a setlist estavam UM BRINDE, POLARIZADO, INTENSAMENTE, No Mesmo Lugar — da carreira como solista e sucessos da época do NX Zero como Cartas pra Você,  Razões e Emoções, Daqui Pra Frente e Pela Última Vez. Além disso, Di Ferrero animou a plateia com covers de Tudo Que Ela Gosta de Escutar, do Charlie Brown Jr., A Queda, da Gloria Groove, e Garota Radical, da Cine.

Em seguida foi a vez do Detonautas subir ao palco para apresentar Outro Lugar, O Dia Que Não Terminou, Quando o Sol Se For, Você Me Faz Tão Bem, O Retorno de Saturno, O Amanhã, dentre outros êxitos. Tico Santa Cruz aproveitou a ocasião para transmitir ao público uma importante mensagem sobre saúde mental e valorização da vida.

“Isso é uma questão muito séria, a gente não tem vergonha nenhuma de se exibir no Instagram, com o corpo bonito, com a saúde física bonita, é está ok! É importante estar com a saúde física em dia, mas se você não estiver com a sua saúde mental funcionando bem, você não consegue produzir, trabalhar, criar seus filhos, não consegue se relacionar, e a sociedade se torna doente”, afirmou.

O vocalista divulgou o trabalho realizado pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Pertencentes ao Sistema Único de Saúde (SUS), as unidades são responsáveis pelo atendimento de pacientes com problemas psiquiátricos. “Tem muita gente que acha que isso é frescura, mas não é! Se trata de uma questão que pode ser tratada principalmente com políticas públicas, salientou.

O artista ressaltou a necessidade de crer que tudo é passageiro e que momentos ruins podem ser superados, para isso é preciso não desistir e seguir acreditando em dias melhores. Para encerrar o show, o grupo fez uma ação em celebração do amor, na qual os presentes foram incentivados a abraçar a pessoa que estivesse ao seu lado.

A audiência já estava fervorosa quando o CPM 22 deu início a sua apresentação. A banda não deixou ninguém parado ao som de Um Minuto para o Fim do Mundo, Regina Let’s Go!, Não Sei Viver Sem Ter Você, Tarde de Outubro, Dias Atrás e Combustível.

Após uma fala a favor da legalização da maconha, na qual expôs o preconceito e os benefícios da planta, Badauí puxou um cover de Mantenha o Respeito, do Planet Hemp — reconhecido por levantar a bandeira da causa. A performance do CPM 22 ainda foi marcada por rodas punks formadas por todos os gêneros e idades.

A Fresno foi a responsável por fechar a edição catarinense do Rock Session. O show da banda gaúcha era um dos mais aguardados pelo público, que não se moveu durante a troca de músicos e a montagem dos instrumentos. A última vez que o grupo esteve em Florianópolis foi em 2016 com a turnê em comemoração aos 10 anos do disco Ciano.

Fresno fez uma viagem por hits do passado e atuais. Foram cantadas Vou Ter Que Me Virar, Casa Assombrada, FUDEU!!!, Já Faz Tanto Tempo — do álbum recente VTQMV — e faixas atemporais tais quais Eu Sei, Quebre As Correntes, Eu Sou a Maré Viva, Milonga, Manifesto e Cada Poça Dessa Rua Tem Um Pouco de Minhas Lágrimas.

Lucas Silveira não escondeu a emoção ao perceber a casa cheia e relembrou que em passagens anteriores pela Ilha da Magia o grupo performou em casas de shows menores. “É uma honra tocar para vocês, Floripa”, confessou. O frontman também agradeceu aos fãs, ‘emos velhos e maravilhosos’, que acompanham a banda nesses mais de 20 anos de trajetória.

Finalizando a noite, o cantor aconselhou a plateia acerca da situação política do país e o alastramento de discursos de ódio no governo atual, citando o repúdio à liberdade, à expressão e o crescimento da intolerância religiosa, entre outros pensamentos retrógrados  que assolam o Brasil na atualidade. “Eles odeiam gente como nós”, declarou em referência à canção de mesmo nome.

Em Santa Catarina foi concluída a primeira etapa do Rock Session, porém aqueles que não tiveram a chance de curtir a experiência não devem perder a esperança. A produtora responsável pela festividade, Opus Entretenimento, já está em busca de cidades para a próxima fase de concertos.

Com essas quatro atrações de renome, o festival oferece altas doses de nostalgia e emana a energia única do emo e do hardcore. A celebração demonstra que a força de ambos os gêneros  — que conquistaram corações há anos atrás —, segue forte e estável, fazendo com que os estilos continuem emocionando o coração de seus admiradores fiéis por onde tocam.


REPORTAGEM: Victória Lopes

FOTOS: Victória Lopes e Renata Ribeiro