Os sete anos são um marco muito importante para os grupos de K-Pop, principalmente os masculinos. Isso porque esse é o tempo padrão de um contrato na indústria, e as discussões sobre o futuro de um grupo nem sempre são fáceis. Para os homens, existe ainda a obrigatoriedade de cumprir o alistamento militar, feito de maneira gradual – com cada integrante se alistando conforme atinge a idade limite – ou com a decisão de irem todos de uma vez, pausando completamente as atividades de um grupo durante dois anos, sem a certeza de como estará o cenário quando (e muitas vezes, se) fizerem seu retorno.
Para o quinteto A.C.E, que debutou em 2017 e celebrou seus sete anos no último mês de maio, seu novo comeback é a prova de fogo do que esse momento pode significar.
Após os cinco integrantes – Park Junhee, Lee Donghun, Wow, Kim Byeongkwan e Kang Yuchan – se alistarem entre setembro de 2021 e agosto de 2022, o lançamento do single ‘Pinata’ no último dia 20 de novembro marcou oficialmente sua volta como um quinteto, trazendo também alguns dos melhores resultados de sua carreira: O álbum teve o melhor primeiro dia de vendas do grupo até hoje, e o single atingiu a 4ª posição na plataforma coreana BUGS.
Mas apesar dos bons resultados, os números não são o crescimento que eles estão buscando.
“Sentimos que nosso segundo capítulo está apenas começando agora que todos terminamos o serviço militar. Números e estatísticas não são mais o nosso objetivo. O que queremos é mostrar aos nossos fãs e ao público em geral que nós melhoramos, que estamos preparando coisas novas e sempre nos desafiando. Esse álbum representa um crescimento pessoal e do grupo, enquanto seguimos explorando nossos limites a cada comeback”, afirmou o líder Park Junhee em um papo exclusivo com o OFF, poucos dias antes do lançamento.
“Nós temos conversado muito hoje em dia sobre o significado de sucesso”, continuou Kim Byeongkwan. “Para nós, significa poder continuar existindo como A.C.E. Estamos bem diante do nosso sucesso pessoal e nosso objetivo é poder continuar seguindo com nossos fãs. Seja em um ano, três ou dez anos, esse continuará sendo nosso objetivo mais importante.’
“Sucesso para nós não é apenas sobre o resultado, mas também o processo e a jornada. Se estamos caminhando juntos e crescendo durante o caminho, isso já é um sucesso. Para nós, sucesso é poder criar momentos alegres que podemos compartilhar com nossos fãs. Estamos extremamente gratos por onde estamos hoje, mas nosso objetivo é continuar compartilhando alegria e experiências únicas com nossos fãs no futuro”, completaram.
O single ‘Pinata’ traz um lado mais maduro do grupo – atualmente todos os integrantes têm entre 26 e 31 anos -, além de explorar sua capacidade como performers e como vocalistas. Segundo o grupo, o comeback é sobre “se libertar de emoções reprimidas e encontrar seu verdadeiro eu” e se passa em um mundo distópico, onde “emoções são proibidas para manter a paz”.
“Essa música representa nossa determinação para quebrar essas barreiras e ajudar as pessoas a resgatar seus sentimentos e humanidade”, contou Junhee, explicando algumas das decisões de produção que os ajudaram a transmitir a mensagem: “Usamos efeitos para rebobinar alguns elementos musicais, fazendo eles tocarem de trás para frente, para simbolizar um novo começo.”
Em um momento mais descontraído, Yuchan também falou sobre as fotos conceituais, que fizeram sucesso nas redes sociais. “Nós gostamos muito dessas fotos e nossos fãs pareceram amar também”, brincou. “Dessa vez, queríamos muito fazer algumas fotos com um conceito mais sexy para mostrar ao público o quanto o A.C.E amadureceu.”
As conversas sobre um “conceito mais sexy” na verdade começaram há cerca de seis meses, quando o grupo estava promovendo o lançamento do álbum ‘My Girl’, que aconteceu sem a presença de Yuchan, que ainda estava terminando seu alistamento militar. À época, eles comentaram em algumas entrevistas e interações com fãs que estavam preparando o que seria seu comeback “mais sexy e potente” até hoje, dando pequenos spoilers sobre o que poderia ser esperado do conceito ou da coreografia.
“Começamos a trabalhar nesse comeback antes mesmo do Yuchan sair do exército”, revelou Byeongkwan. “Escolhemos a faixa logo depois do lançamento de ‘My Girl’ e começamos as preparações imediatamente. Finalizamos as gravações da música e do clipe antes da turnê no meio do ano, mas por conta da nossa agenda o lançamento acabou sendo adiado.”
O processo em si da preparação durou menos de dois meses, o que não necessariamente quer dizer que ele foi simples, muito pelo contrário.
“Foi muito difícil de conseguir gravar a música da forma certa porque ela é muito difícil, então nos dedicamos muito nas gravações e também para aprender a coreografia. Esse processo demorou muito tempo”, contou Yuchan.
Lee Donghun, integrante mais velho do grupo, continuou sobre o processo: “O mais importante é que participamos ativamente de tudo, desde a escolha das roupas até dando ideias para o clipe.”
“Também gravamos com 49 dançarinos e foi a primeira vez que tivemos algo nessa escala. Tivemos muitos desafios e foi um grande processo de aprendizagem porque tudo tinha que estar perfeito, incluindo os movimentos, a respiração e a energia. Acho que todos nós sentimos como se estivéssemos começando do zero, e ese processo foi incrível”, completou Byeongkwan.
Finalizando as preparações, o grupo embarcou no meio do ano para uma turnê que passou por Estados Unidos, América Latina e Europa, os fazendo viver uma rotina a qual não estavam acostumados desde 2019.
“Estar em uma turnê não é nosso normal, acontece uma ou duas vezes no ano, então é muito difícil de se acostumar. Para mim é particularmente dificil estar sempre em aviões, principalmente por conta do fuso-horário”, contou Junhee. “No começo, é estranho acordar cada dia em uma nova cidade e estar em um palco diferente a cada noite. Mas logo nos adaptamos graças ao entusiasmo e energia incríveis dos nossos fãs. O apoio deles realmente nos deu forças para aproveitar cada momento da turnê.”
“Nós nos esforçamos muito e colocamos toda a nossa energia nos shows para deixar nossos fãs orgulhosos, então é muito imporante estar em boas condições durante a turnê e isso foi o mais difícil. Mas ficamos chocados porque faz cinco anos desde a nossa última turnê em 2019, e, apesar disso, nosso público aumentou desde então. Eu estava muito feliz e gostaria de agradecer ao Choice por isso”, disse Byeongkwan.
A turnê passou pelo Brasil com um show único em São Paulo no início de outubro e os membros do grupo definiram o encontro com os Choice brasileiros em uma palavra: “Paixão”.
“O show do Brasil foi o mais quente. Foi muito incrível porque os fãs dão toda a sua energia e isso nos deixa muito animados, e mal conseguimos controlar a nossa energia. Foi realmente muito doido. Então se tivermos a chance, queremos voltar ao Brasil para nos apresentar de novo”, celebraram.
É impossível dizer o que o futuro guarda para o A.C.E, que enfrenta diariamente os desafios e incertezas de ser um grupo relativamente pequeno dentro da gigante indústria do K-Pop. Mas a certeza que eles têm é que seguirão seguindo em frente superando adversidades da mesma forma que o fizeram durante os últimos sete anos.
“Tiveram muitos momentos em que pensei em desistir”, confessou Junhee. “Eu penso em sair correndo cinco vezes por dia, e aí me pergunto se eu não me arrependeria se fizesse isso, e a resposta é sempre ‘sim’. Os membros, os fãs e a empresa continuam a me motivar e dar energia para que eu continue seguindo em frente.”
“Tivemos momentos difíceis, mas ao invés de querer desistir, esses desafios nos fazem refletir sobre os motivos que nos fizeram começar. Nós amamos o que fazemos e temos um compromisso com nós mesmos de não nos arrepender – e é isso que nos trouxe até aqui.
Durante esses momentos difíceis, o apoio entre os membros e os fãs nos dá força para seguir em frente. O quanto eles acreditam na gente é nossa maior fonte de motivação”, continuaram
Byeongkwan completou: “Queremos ser um grupo que não conhece o significado de ‘desistir’”.
Sobre os desejos para o futuro, mais uma vez eles deixam de lado os números e grandes conquistas, focando em sua relação com os fãs e a vontade de ter a chance de continuar seguindo seus sonhos.
“Quero apenas que sejamos um grupo melhor e eu seja uma pessoa melhor”, afirmou Junhee. “Daqui um ano, esperamos ser um time que se conecta com seus fãs em ainda mais lugares ao redor do mundo. Queremos continuar nos desafiando, explorando novos conceitos e mostrando lados do A.C.E que ainda não foram vistos.”
Donghun completou: “O objetivo mais imporante é que estejamos juntos cantando até os nossos 40, 50 anos, esse seria o nosso grande êxito.”
“Como um grupo, nosso objetivo é compartilhar a música e mensagem do A.C.E com o mundo. Individualmente, queremos ter êxito em diversas áreas e expandir nossa influência, com cada um de nós causando um impacto significativo cada um de sua forma.”
Para Byeongkwan, o desejo é simples, mas provavelmente o mais importante: “Acredito que, daqui um ano, o nosso maior sucesso seria o A.C.E ainda existir, então vamos nos esforçar e fazer acontecer.”