Current Date:março 25, 2025

OFF ENTREVISTA: Prestes a se apresentar no Rock in Rio, Lupa fala sobre expectativa para o festival, carreira, inspirações e próximo single

O quinteto de Brasília promete agitar a Cidade do Rock nesta quinta-feira (3).

A vigésima edição do maior festival de música do mundo, o Rock in Rio, já começou. No último final de semana já passaram pela Cidade do Rock artistas como Drake, Ellie Goulding, Bebe Rexha e Bon Jovi. Até o dia 6 de outubro diversos cantores e bandas prometem agitar o RIR e uma das atrações é a banda nacional, Lupa, que tocará nesta quinta-feira (3) no palco Supernova.

O quinteto brasiliense formado por Múcio Botelho (vocal e guitarra), João Pires (bateria), Lucas Moya (baixo), Victor Cavalcanti (guitarra) e André Pires (teclado) tem como conceito fazer um rock alternativo empolgante, sem tabu e cheio de amor. Desde a sua formação, a Lupa já conta com o álbum de estúdio, Lupercália (2017), conquistou um contrato com a Sony Music, fãs fiéis e agora está apostando em seus novos singles, os quais já acumulam mais de meio milhão de streams no Spotify.

Batemos um papo com o vocalista da banda, Múcio, sobre Rock in Rio, carreira, inspirações, parcerias, seu mais recente lançamento, Bixinho, e próximos passos. Confira:



OFF: Podemos começar falando sobre a história da Lupa. Quando vocês resolveram montar a banda? Já se conheciam?

Múcio Botelho: Nós montamos a Lupa em 2013. Eu estava em uma banda antiga e comecei a compor várias músicas que achava que não cabiam nesse projeto antigo, eu não cantava nessa banda. Sempre tive uma neura muito grande de escrever letras para os outros cantarem e isso começou a me incomodar bastante, mas eu não sabia cantar, porém queria porque queria colocar esse negócio para frente e assumir essa posição. Comecei a rodar Brasília atrás de pessoas que não fizessem parte do círculo de bandas que a gente frequentada, porque eu tinha vontade de montar um negócio bem diferente do que estava acontecendo até então. Fiquei quase um ano procurando os meninos e encontrei dentro da minha família a solução, o João Pires, que é baterista, é meu primo. O nosso tio tinha um pub em Brasília e o João cuidava do lugar à tarde, administrava e ensaiava com a sua banda. Eu como jovem interesseiro (risos) lancei esse discurso da Lupa, disse “viu, tem como a gente ensaiar logo depois de vocês?”, o João deixou e eu ia lá no comecinho do projeto e ele ficava arrumando o som. Um dia o nosso baterista teve um problema, teve que sair correndo do ensaio e eu falei para ele “oh! sobe aí na bateria e só marca o bumbo para gente continuar ensaiando!”, o menino subiu na bateria e destruiu, tocou quinhentas mil vezes melhor do que o cara que estava querendo tocar na banda. Assim começou oficialmente a Lupa, então entrou o Victor Fonteles, que é nosso guitarrista, o Lucas Moya (baixista) já fazia parte do projeto e, por fim, o André Pires que é tecladista. O André já tinha sido convidado para participar, mas ele nos ignorou completamente, foi bem esnobe, disse que não tinha muito tempo, e uma semana depois disso, ele apareceu em um show nosso, sem saber que era a gente que ia tocar, foi com uma antiga namorada dele, que era amiga minha e ele me viu subir no palco e ficou “uai, que negócio esquisito!”. Antigamente, a postura média do brasiliense quando ia ver um show era dar uns quatro passos para longe do palco, cruzar os bracinhos e ficar esperando para ver o que ia xingar sobre a banda que estava tocando. O André conta essa história e a gente rola de rir, porque ele já estava pronto para fazer isso e, de repente, nós começamos a tocar e dentro de dois minutos ele já estava pulando, batendo palmas e enlouquecendo com o que estava rolando lá em cima do palco. Depois do show, ele saiu correndo que nem doido pedindo para entrar na banda e entrou, então aí a Lupa se formou de vez.

OFF: Como a banda chegou nessa premissa de quebrar tabus falando sobre sexo e amor nas letras?

MB: Nós não nos juntamos porque tínhamos afinidade musical, nem porque queríamos fazer um tipo especifico de som. Tentei encontrar cinco meninos que acreditassem piamente na mesma mensagem de transformação das pessoas, do jeito que a gente se enxerga e se relaciona por meio da música, ela para a gente é um instrumento. Honestamente, eu não faço esforço para compor, nós não temos esforço para escrever, para se relacionar com os fãs e com as outras bandas, para montar o nosso palco, porque tudo é consequência dessa ideia base e isso é amor. A gente está aqui para fazer o que acha que é verdade, está aqui para acolher as pessoas, então tudo funciona em volta disso.

OFF: E como é expressar tudo isso em músicas, transmitir esse lado mais hot, erótico em letras. Como é o processo de composição de vocês?

MB: Eu queria muito falar para você que sento bonitinho numa sala, pego o meu violão e começo a escrever, mas não. A minha cabeça é um caos, honestamente, eu não sei como as coisas funcionam aqui. As músicas aparecem nas horas mais absurdas do mundo, posso estar dentro de um Plenário da Câmara de Deputados, posso estar tomando um banho que as coisas surgem, então tenho que sair correndo para psicografar no papel e tem dado certo, principalmente agora com essas novas faixas que estamos lançando depois que assinamos com a Sony Music. A gente se desprendeu muito de tudo que é perfeccionismo, está escrevendo e gravando muito mais no aleatório e é maravilhoso. Eu que escrevo as letras, faço inicialmente as composições e fazemos disso uma experiência massa para todos. Estou achando esse sistema incrível de quanto menos neura, melhor. A música é o que ela é, ela vem do jeito que tem que ser, qualquer coisa que a gente tem que bater muito a cabeça em cima não vai funcionar (risos), nós sabemos que música é algo muito bom de fazer e que vai dar certo.

OFF: Quais são as inspirações musicais da Lupa?

MB: As nossas maiores inspirações são as coisas do rock indie, alternativo que vem aparecendo desde a virada de 2000. Posso dizer que uma é Panic! at the Disco, que inclusive é uma das banda que vai tocar no Rock in Rio, sempre foi um sonho nosso estar no RIR tocando junto com eles. Kaiser Chiefs, The Haive e uma banda de Brasília que a gente é extremamente apaixonado, que infelizmente já acabou, mas que rodou o Brasil inteiro e que é uma inspiração imensa, principalmente para mim, já fui no show deles, que é a Móveis Coloniais de Acaju. E essas bandas daqui da cidade, principalmente Capital Inicial. Nós gostamos muito mesmo de indie e muitas dessas bandas que curtimos também vão tocar no mesmo dia que nós, então o cosmo se alinhou para tudo que era gente importante na nossa vida estar conosco nesse dia 3 lá no Rock in Rio.

OFF: Recentemente, vocês lançaram a música Bixinho. Conte um pouquinho sobre essa faixa, como ela surgiu, o que vocês queriam transmitir com ela?

MB: Fizemos no final do ano passado a nossa primeira tour no Nordeste, estivemos na Bahia, Rio Grande do Norte e em Feira de Santana (BA) no Feira Noise Festival. Na ida para o evento, conheci a Duda Beat, ela apareceu na minha playlist e eu fiquei “oh! Que coisa linda!”, ela começou a cantar “oh bixinho”, achei maravilhosa e a Duda ia tocar nesse evento no dia anterior ao nosso. Chegando lá, nós fomos para o Feira Noise achando que seria bem tranquilo, porque era um festival grande e a gente acreditava que não tinha muito fã na Bahia, só que nós chegamos e todo mundo de Feira de Santana conhecia a gente, a produção veio falar que ficou assustada do tanto que as pessoas estavam comentando sobre a gente, do tanto de ingresso que tinha saído. Honestamente, penso que esse foi o meu show favorito até hoje da história da Lupa. Lá todo mundo estava chamando a gente de “bixinho” e eu fiquei com isso na cabeça, pensando que era um sinal. Indo embora, pegamos uma van para ir ao aeroporto para o nosso próximo show que seria em Natal no Festival DoSol. Os meninos estavam pilhados, doidos de energia, então eu paro lá e a gente começou a cantarolar, a guitarra já estava ali do lado do banco e saiu metade dessa música de uma vez, com harmonia, letra, é foi propósito mesmo. Hoje eu até gosto de brincar desse negócio da Duda Beat, é claro que foi uma referência direta, foi inspiração mesmo e o mais engraçado é que quando olho a letra, penso assim “imagina que doideira se isso fosse uma resposta do menino que a Duda estava cantando para?”, ela dizendo que “ah experimentei o desapego com você”, e o coitado está ali sofrendo por conta disso. Não foi nem proposital, porém depois que notei isso, imaginei que daria até para fazer um paralelo das duas canções, vai que um dia aparece um mashup delas.

OFF: Bixinho já tem videoclipe, assim como diversas músicas de vocês. Acompanhando os seus vídeos é notável a preocupação que vocês têm com o audiovisual. Vocês ajudam na produção, no conceito dos vídeos?

MB: A gente é completamente apaixonado por produção, inclusive o nosso baterista João tem uma produtora de filmes que se chama filminho. Desde o começo da Lupa, a gente vinha fazendo direção de arte, se envolvendo nas produções dos clipes. Quando nós fechamos com a Sony, decidimos começar a fazer tudo dos vídeos, do começo até o fim, mas não como antes. Ele formou essa produtora e desde então, lançamos clipes que nós mesmos produzimos, dirigimos, fizemos a direção de arte, a produção, o roteiro, a iluminação, tudo está nas nossas mãos agora, com a nossa equipe e isso está maravilhoso. Eu estou completamente apaixonado por esses nossos clipes, porque eles estão trazendo completamente as coisas que a gente quer passar, Oi : ) foi um dos vídeos que fizemos, E Se Não Der Pra Esperar? e agora a gente acabou de fazer Bixinho, esse foi muito doido, porque nós gravamos dois clipes nesse dia. Originalmente, íamos gravar o clipe do próximo single, que ainda vamos soltar, e quando deu duas horas da manhã, o João estava com 40 graus de febre e já tinha ficado o dia inteiro lá no estúdio quase morrendo, olhei para ele e disse assim “eaí, vamos gravar mais um clipe agora, deixa eu contar aqui a ideia”. Começamos a conversar e vimos aquele set todo sujo, arrebentado por conta do dia inteiro de gravação e como a gente sempre tentou fazer todas as coisas limpinhas, bonitas, sem estar despreocupado com a estética, pensamos que devíamos mostrar as coisas cruas agora, o negócio bem do começo, expondo tudo, mostrando como é que a iluminação está, o som da claquete batendo, para realmente mostrar como é que as coisas são, sem maquiagem, sem nada, só a gente tocando, passando a energia que é o show e pronto. O clipe foi gravado em dois takes às duas horas da manhã com gente com febre, nós cansados e passando fome, em condição de turnê mesmo (risos), porém foi muito bom por toda essa energia e isso é o que eu mais gostei dele.

OFF: Agora vocês vão tocar no palco Supernova do Rock in Rio, que é o maior festival de música do mundo. Qual foi a reação de vocês quando receberam a notícia e como está a expectativa para o show?

MB: Até agora em qualquer momento de silêncio que aparece na minha vida dentro da minha cabeça eu fico cantando “oh oh oh oh” (música tema do Rock in Rio), a gente não está conseguindo lidar com essa situação até agora. Estamos felizes demais, meu Deus do céu! Choramos já! Eu e o João, principalmente, somos extremamente emotivos, os meninos falam “para mim já deu!” e começam a traçar estratégias, metas. Já eu e o João, acho que porque somos da mesma família, nós choramos, nos abraçamos e quem vê fica nos olhando com cara de “o que está acontecendo aqui?”, só que não conseguimos evitar. Eu penso que para todo mundo que já escreveu uma música, que já pegou numa guitarra para cantar é um sonho participar de um negócio desses, tocar no Rock in Rio. E a gente está fazendo isso sem ajuda, na correria, fazendo tudo com o coração, por conta do tanto de gente que apareceu no nosso caminho, que acreditou nas coisas que falávamos e que ajudou a levar, literalmente, pessoa por pessoa, as nossas músicas e mensagens, os nossos valores mais longe, então é um orgulho imenso, eu até chego a tremer a voz de tanta emoção. Passa um filme na cabeça de tudo aquilo que a gente já passou desde molequinho. No começo da Lupa, eu não sabia nem cantar e tudo isso é porque é sonho, é muita vontade, quando a gente sobe nos palcos, cada passo que nós damos é de olhos fechados, nós temos certeza que vai dar certo, não tem como dar errado com esse tanto de gente incrível nos apoiando. É um empurrão imenso, dá uma confiança filha da p*ta e assustadora no que estamos fazendo, porque é literalmente tentar e seguir em pé, meter pau e manda ver.

OFF: Como está sendo a preparação da Lupa para o Rock in Rio? O que vocês vão aprontar por lá?

MB: Acho que a gente fica em um dilema muito grande entre preparar e não preparar, pois o que acontece é que a preparação óbvia é saber tocar as suas músicas muito bem. Agora as coisas mais incríveis que já aconteceram com a gente em shows não foram planejadas, eu penso que não tem como você preparar uma apresentação do começo ao fim e falar “isso vai acontecer!”.  Pelo menos com a gente nunca funcionou e não vai funcionar, porque nós subimos no palco, analisamos e nos alimentamos do que está acontecendo em volta. Por exemplo, se a gente chegar lá e olhar no meio do povo e encontrar alguma coisa para escalar, eu vou pular, para o desespero de toda a nossa equipe técnica e dos meninos, e nós vamos fazer loucuras por lá. Não consigo dizer o que estamos preparando, porque sinceramente não sabemos o que vai acontecer. A gente só tem certeza que vai ser uma loucura, que estamos com a maior energia do mundo inteiro e que vamos deixar esse povo do Rock in Rio sem força, sem voz e de preferência sem roupa, que nem está escrito na descrição do nosso anúncio.

OFF: Tocar no Rock in Rio é um sonho praticamente já realizado. Quais metas e sonhos vocês têm como banda? Onde querem chegar?

MB: Não sei se consigo te dizer o lugar que a gente quer chegar, mas o que queremos continuar fazendo é rir junto com o pessoal. Nós queremos mais pessoas ouvindo Lupa, se identificando com as coisas que a gente faz, amando, espalhando essa mensagem gostosa de liberdade e energia. Penso que se daqui a cinco anos, a gente ainda estiver fazendo as coisas que estamos fazendo hoje com o mesmo tesão, acredito que esse é o lugar para estar. Rodando esse Brasil inteiro, lançando músicas maravilhosas, não tendo limite nem medo de fazer as coisas, a gente quer se entregar e tentar dar esse passo que até hoje não conseguimos, mas que com certeza vai aparecer agora.

OFF: Você comentou que gostaria que existisse um mashup da música Bixinho de vocês com a da Duda Beat. Além disso, a Lupa tem vontade de colaborar com quais artistas?

MB: A gente gostaria de lançar uma música com os meninos da Lagum. Inclusive está aí outro mashup que poderia ser feito, no começo do ano nós divulgamos Oi : )  e agora, mês passado, eles lançaram Oi também, então fica aí mais um possibilidade. Os meninos são lá da Sony e também vão tocar no Rock in Rio, eles são uns amores e nós ainda nos conhecemos, pode ficar uma coisa bonita.

OFF: O primeiro álbum da Lupa, o Lupercália foi lançado em 2017. Podemos esperar um disco novo em breve?

MB: Ah se pode esperar! Nós temos mais dois singles prontos para lançar ainda em 2019 e assim que virar o ano, a gente já se enfurna no estúdio para começar a gravar o próximo CD.

OFF: Quais são os planos de vocês para o fim de 2019 e para 2020?

MB: Agora voltando do Rock in Rio, no mês de outubro, a gente vai soltar o quarto single depois do Lupercália. Ele vai se chamar Vai Doer, é uma música maravilhosa, um indie frenético, chocante, bateria, guitarrona muito doida, essa faixa vai sair agora no meio de outubro. Ela já está com o clipe gravado, está tudo maravilhoso, tem uma referência maravilhosa ao asno que está na presidência, bem sutil, mas elegante. É uma letra forte, muito sensível só que de um jeito leve e elegante, é um tema que é preciso falar sobre e a gente fez isso de um jeito muito interessante.

OFF: Para encerrar, mande um recado para as pessoas que estão conhecendo o trabalho da Lupa só agora.

MB: Isso aqui não é um convite, é uma convocação para você ser humano, pessoa maravilhosa conhecer a Lupa! A gente vai estar no Rock in Rio agora no dia 3, estamos loucos para ver vocês! Logo em seguida, nós continuamos rodando pelo Brasil, vamos passar por São Paulo, Goiânia, estar pelo Nordeste e já estamos quase fechando as datas do Sul, então fiquem atentos, pois muito provavelmente vamos passar perto da sua casa e nós gostamos de contato humano, apareçam, vamos se conhecer e festejar!


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Reportagem: Victória Lopes