A banda Versalle lançou nesta sexta-feira (25) seu mais novo álbum Escape. Composto por oito faixas, o disco celebra os dez anos de carreira do grupo, que ganhou reconhecimento nacional após participar da segunda edição do programa Superstar da Rede Globo, no qual terminou em terceiro lugar.
Formada por Criston Lucas (vocal e guitarra), Igor Jordir (bateria) e Luis Paulo “Casca” (sintetizadores, teclados e baixo), a banda de Porto Velho é um dos maiores nomes do indie rock nacional e motivo de admiração em sua terra natal, onde é carinhosamente chamada de “orgulho do Estado de Rondônia”. Tendo conquistado durante a sua trajetória um público fiel e uma indicação ao Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa pelo disco Distante Em Algum Lugar (2015), agora a Versalle adiciona mais um capítulo em sua história com Escape.
Conversamos com o vocalista da banda, Criston, sobre o novo disco, singles e carreira. Confira:
OFF: O quinto e último single da Versalle divulgado antes do lançamento de Escape foi Luz. Qual a história dessa faixa, como ela surgiu?
Criston Lucas: Nós tínhamos outras músicas prontas que poderiam ter entrado no disco, mas estávamos na dúvida. Queríamos fechar o álbum com uma faixa simbólica, que desse o desfecho ideal do conceito do disco, que simbolizasse o Escape e solucionasse esse enredo. A gente brinca que o álbum é feito por capítulos, são oito episódios, faixa a faixa, então batemos a cabeça nessa música, porque já tínhamos umas quatro cotadas, porém nenhuma se encaixava perfeitamente dentro desse conceito. Desta maneira, veio a necessidade de compor uma canção justamente que sintetizasse isso e assim nasceu Luz, a última faixa do disco. Ela surgiu de uma jam, a gente meio que mudou o nosso processo de composição, geralmente, eu chego com a música, harmonia e letra, e a banda arranja em cima disso. Porém, dessa vez, nós fizemos uma jam, começamos com o arranjo mesmo, com o instrumental e depois eu coloquei a letra no que tínhamos tocado, foi um sistema novo para a banda que sempre cria em cima de letras prontas.
OFF: O Escape é dividido em dois lados: Correnteza e Fortaleza. O que cada um deles representa?
CL: Correnteza possui uma atmosfera mais densa, pesada e reflexiva, traz questionamentos profundos sobre a vida moderna e as suas novas formas de relacionamentos interpessoais. Já o Fortaleza traz um clima mais leve, alto astral, exaltando a beleza da vida, a natureza, o lado humano do ser, livre e capaz de alcançar tudo o que deseja.
OFF: Qual o significado por trás da capa de Escape?
CL: A capa foi feita por uma artista de São Paulo, uma pintora chamada Íria Galgano e simboliza o pássaro mesmo, que é uma faixa do disco. Significa o pássaro com a força das suas asas no escape das adversidades em busca da luz, bem resumidamente é meio que isso.
OFF: Como está a expectativa de vocês com lançamento do álbum? O que vocês esperam desse trabalho?
CL: A expectativa é a melhor possível, é um trabalho que vem sendo maturado desde 2017 e temos a confiança que ele está pronto para ficar para eternidade na nossa história. O que esperamos é mais um questão de missão, o Escape traz um conceito, que para a gente, precisa ser entregue aos nossos fãs e para todos. Também esperamos chegar com essa turnê do disco novo em todos os cantos do Brasil.
OFF: Geralmente, os artistas divulgam o disco após um ou dois singles. Mas vocês lançaram várias amostras antes do Escape. Por qual motivo vocês decidiram esperar mais um pouco antes de revelar o projeto completo?
CL: É uma questão de que, hoje em dia, com esse novo formato de consumo de música por meio do streaming as pessoas estão se acostumando a ouvir mais playlists do que um álbum na íntegra. Por esse e outros fatores, vários artistas têm preferido trabalhar música por música, com lançamentos mensais para manter o engajamento do público e consequentemente ir crescendo. A gente acredita que independente do formato de divulgação, o disco é uma coisa única e carrega um conceito que só vai saber a fundo quem ouvir a obra completa. A gente prioriza o álbum, mas como eu tinha explicado, nós vemos esse conceito dele como capítulos também, então não foi difícil lançar ele dessa forma parcelada (risos).
OFF: Escape chega quatro anos depois do bem sucedido Distante Em Algum Lugar. Quais são as principais diferenças entre esses trabalhos?
CL: São dois discos bem especiais para a gente. Eles trazem diferenças perceptíveis, mas conversam bem entre si, eu diria que um é a continuação do outro. Musicalmente, as distinções estão na própria formação. O Distante Em Algum Lugar é um disco bem guitarrístico mesmo, a gente brinca disso, traz músicas que englobam os nossos seis primeiros anos de banda, algumas canções compostas na nossa adolescência, tem umas que fiz com 15, 16 anos e a maioria das faixas se resumem em bateria, baixo, guitarra e vozes. O Escape foi um álbum que começou a ser pensando no fim do processo do Distante, então é uma nova fase nossa, depois de outras perspectivas de vida e após a nossa mudança de cidade. Musicalmente, ele também traz novos elementos como sintetizadores, percussões, violões, novas referências, outras perspectivas rítmicas e uma nova formação com o nosso baixista Casca produzindo.
OFF: Distante Em Algum Lugar é o disco de estreia da Versalle e ele recebeu uma indicação ao Grammy Latino. Como foi concorrer ao maior prêmio da música latina? De que modo isso afetou a carreira de vocês e a produção do novo álbum?
CL: Foi incrível ter o reconhecimento do Grammy Latino no nosso primeiro álbum, então foi muito gratificante. Sobre afetar, a gente leva isso de uma forma muito natural mesmo, com o objetivo de entregar musicalmente sempre o nosso melhor em todos os sentidos.
OFF: Vocês estão completando dez anos de carreira, que serão comemorados com Escape. Qual o segredo de se manter na estrada por tanto tempo e entregando sempre um trabalho de qualidade?
CL: É a nossa missão, como eu disse. Acredito que o segredo é ir trabalhando sem peso, sem pressão, nos doando e se entregando à arte, mas fácil não é (risos), é persistência mesmo e resistência.
OFF: O indie rock possui muita força no exterior e, felizmente, vem ganhando um maior destaque no Brasil. Como é para a Versalle ser um dos principais expoentes do gênero no país?
CL: É estranho falar disso por não ser algo pensado. Apesar do fato de que quando a Versalle começou foi algo sem pretensão, nós já éramos amigos e tínhamos outras bandas de metal na cidade. A gente se reuniu, na adolescência, para tocar músicas de bandas que curtíamos na época como The Smiths, The Killers, Interpol e Queens of the Stone Age. Porém realmente não é algo pensado, o nosso som surge naturalmente, claro que também é resultado das nossas influências pessoais e do que absorvemos do mundo, mas isso é bem interessante e para a gente é um bom sinal.
OFF: Acredito que a participação de vocês no Superstar foi uma grande vitrine para a banda. Como vocês recordam essa experiência? Ainda mantém contato com o pessoal do programa?
CL: Com certeza! Foi uma das melhores experiências que já passamos até aqui, agregou muito na nossa carreira a oportunidade de apresentar as nossas canções em rede nacional, levando o nome do nosso estado, da nossa cidade e do Norte. O Norte inteiro nos abraçou, então foi demais! A gente trabalhou com profissionais incríveis, conhecemos muita gente por lá, bandas como Zaíra, Supercombo, vários grandes artistas, o renomado produtor Torcuato Mariano e toda a produção sensacional do programa.
OFF: Para finalizar, além do novo disco, o que podemos esperar da Versalle neste fim de ano e no próximo?
CL: Nosso objetivo é estar sempre produzindo. O plano para 2020 é o terceiro álbum de estúdio, já estamos trabalhando nisso e temos muito o que passar sobre o nosso atual momento. Temos o feeling de que seja o tempo certo e, de alguma forma, compensa a longa espera entre o Distante Em Algum Lugar e o Escape. Também estão no plano singles com artistas parceiros, então vocês podem esperar o melhor de nós!
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Reportagem: Victória Lopes